ABRUPTO

12.8.12


COISAS DA SÁBADO: PORQUE É QUE SÃO SEMPRE OS MESMOS? 



 O relatório da CMVM, publicado com atraso, revela a acumulação de cargos em sociedades por um pequeno número de pessoas, sempre as mesmas aliás. Não se trata só dos seus “donos”, o argumento que o homem dos 73 lugares deu para justificar que qualquer ideia de boas práticas na governança das sociedades não se aplica às “dele”, mas aos 17 que acumulam lugares cada um em mais de 30 empresas. A isso deve-se acrescentar o que todos os dias se vai sabendo sobre a entrada ou a circulação de pessoas na administração das principais empresas portuguesas, com relações próximas com o poder político, por singular coincidência sempre os mesmos. Entre consultoras, grandes escritórios de advogados, entidades reguladoras, governo, banca, empresas públicas, “comissões de aconselhamento” do governo, há uma circulação intensa de…sempre os mesmos. 

Proença de Carvalho é um exemplo típico: advogado de José Sócrates, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud, presidente do Conselho de Administração da Zon Multimedia, membro da Comissão de Vencimentos do BES – um interessante cargo -, “chairman” da Cimpor, ao todo, só no mundo empresarial, 27 cargos. Proença de Carvalho, como muitos outros neste universo de “sempre os mesmos”, não é “dono”, mas amigo dos “donos”.

 Competência? Nalguns casos sim, noutros não. Mas não é a competência o critério fundamental. É a confiança. Estes são confiáveis, são dos “nossos”, são dos “mesmos”. Já foram testados mil e uma vezes, no governo, na banca, na advocacia de negócios, no comentário político nos media, e mostraram que estão lá para defender sem hesitações, os “nossos” interesses. Confiança é a palavra chave nos “sempre os mesmos”.

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© José Pacheco Pereira
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